Raquel Rigoni Psicóloga

Quando o amor dói: como identificar os sinais de um relacionamento abusivo

Amor ou abuso? Nem sempre é fácil perceber a diferença

No começo, tudo parecia perfeito. Carinho, atenção, promessas de um futuro juntos. Mas, com o tempo, algo mudou. Você começou a se sentir inseguro(a), confuso(a), cansado(a) emocionalmente. Passou a andar em ovos, com medo da reação do outro. E o que era para ser amor… começou a doer.

Se você está vivendo algo assim, saiba: você não está exagerando. E não está sozinho(a).

Relacionamentos abusivos nem sempre começam com gritos, ameaças ou violência física. Muitas vezes, eles se instalam silenciosamente, disfarçados de cuidado, ciúme ou “preocupação”. Por isso, é tão difícil reconhecer — e mais ainda sair.

Neste texto, vamos conversar sobre os principais sinais emocionais e comportamentais que indicam que um relacionamento pode estar sendo abusivo. Identificar é o primeiro passo para se proteger.

Sinais que merecem atenção

1. Controle disfarçado de cuidado

“Não gosto que você fale com fulano, ele não é boa influência.”
“Essa roupa não é apropriada para alguém comprometido.”

O controle começa sutil, mascarado de preocupação ou zelo. Aos poucos, o outro passa a decidir com quem você fala, o que veste, para onde vai. A sua autonomia vai sendo minada, sem que você perceba.

2. Ciúmes excessivo

Sentir ciúmes ocasionalmente é normal. Mas quando o ciúmes vira motivo constante de brigas, acusações ou vigilância, há um sinal de alerta. Ele se transforma em um mecanismo de poder, e não de afeto.

3. Isolamento social

Pessoas abusivas frequentemente tentam cortar os laços da vítima com amigos, familiares e rede de apoio. Dizem que “ninguém gosta de você” ou que “sua família só atrapalha”. O objetivo é enfraquecer você, para que dependa apenas da relação.

4. Culpabilização constante

Tudo vira culpa sua: o estresse do outro, os conflitos, os fracassos. Mesmo quando você não tem responsabilidade, acaba se desculpando. Esse ciclo faz com que você duvide da sua própria percepção da realidade.

5. Ameaças veladas ou chantagens emocionais

“Se você me deixar, eu acabo com a sua vida.”
“Você é tudo que eu tenho, se for embora, não sei o que faço.”

Essas frases aprisionam emocionalmente, despertam medo ou culpa. São formas sutis (ou nem tanto) de te manter onde você não quer mais estar.

6. Momentos de carinho alternados com agressões

Após uma briga ou agressão verbal, vem o pedido de desculpas. Promessas de mudança. Flores. Carinho. E você começa a se questionar se está mesmo exagerando. Esse ciclo – tensão, explosão, reconciliação – é típico de relações abusivas.

Por que é tão difícil sair?

Porque há envolvimento emocional, medo, dependência afetiva ou financeira, baixa autoestima e, muitas vezes, vergonha. A pessoa abusada pode até saber que algo está errado, mas sente-se paralisada ou culpada por pensar em sair.

Além disso, existe a esperança de que “vai melhorar”, “ele(a) vai mudar”, ou que “o amor vai vencer”. Mas amor de verdade não oprime, não agride, não aprisiona. Amor não é dor constante.

Mas lembre-se: você merece ser 100% feliz!

Reconhecer é o primeiro passo. Pedir ajuda é o segundo.

Se você se identificou com algum desses sinais, saiba que existe caminho para fora dessa dor. O processo pode ser difícil, mas é possível – e mais do que isso, é necessário para recuperar sua dignidade emocional.

Você merece um relacionamento onde exista respeito, parceria, segurança e liberdade para ser quem você é.

Você deve se perguntar o que as pessoas que realmente te amam ficariam se soubessem tudo o que você está passando? Pai, mãe, irmãos, amigos,…

Por experiência própria, sei que este processo é complexo e doloroso. Se precisar de apoio, a escuta terapêutica é um espaço seguro, sigiloso e acolhedor. Você não precisa enfrentar isso sozinho(a).

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